sábado, 26 de junho de 2010

Diálogo com a Alma

“Minha alma, onde está você? Você me escuta? Eu falo, eu te chamo – estás ai?
Eu voltei, eu estou aqui novamente. Eu sacudi a poeira de todas as terras dos meus pés, e eu vim a ti, eu estou contigo. Após muitos anos de muito vagar, eu voltei a ti novamente. Devo te contar tudo o que eu vi, experienciei e com o que me deleitei? Ou você não quer ouvir sobre o barulho da vida e do mundo?
Mas uma coisa você tem que saber: o principal que aprendi é que precisamos viver esta vida. Esta vida é o caminho, o longamente procurado caminho para o insondável o qual chamamos divino. Não há outro caminho, todos os outros caminhos são falsos. Eu descobri o caminho certo, ele me levou a ti, minha alma. Eu retorno, suave e purificado. Você ainda me conhece?
Quanto tempo durou a separação! Tudo se tornou tão diferente. E como eu te encontrei? Como foi estranha minha jornada! Que palavras eu devo usar para te contar por quais curvos caminhos uma boa estrela me guiou até ti?
Dá-me tua mão, minha quase esquecida alma. Que grande alegria te ver de novo, tu, longamente negada alma. A vida me guiou de volta para ti. Vamos agradecer a vida que eu tenho vivido por todas as horas felizes e tristes, por cada alegria e cada tristeza. Minha alma, minha jornada deve continuar contigo. Eu vou vagar contigo e ascender à minha solidão...”


C. G. Jung, The Red Book



 Este é um trecho do Livro Vermelho de Carl Gustav Jung, onde o psiquiatra resgata uma conversação pessoal com a alma. Dessa maneira, Jung expõe uma pequena parte do seu próprio processo de individuação.

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