segunda-feira, 10 de maio de 2010

África do Sul: Um breve esboço Histórico-Social.



A África do Sul é um país com uma história bastante controversa, de fortes impactos culturais e sociais que afetam até hoje a sua população. É um país e uma nação que exaltam toda uma percepção, características e expectativas próprias, carregadas de esperança.
Historicamente, a África do Sul quase sempre foi um território determinado por dominações e diversas maneiras de tomada de poder. O país está situado ao extremo sul do continente africano e conta com um admirável ecossistema que durante longos anos sofreu com a exploração do homem. A comunidade branca teve seu início com alguns holandeses chegados ao Cabo da Boa Esperança em 1652, mas também Franceses, Britânicos e Alemães colonizaram o país. Hoje em dia, perto de 60% (sessenta por cento) dos brancos são Africânderes de descendência Britânica, mas também é possível encontrar uma nova população advinda de outros lugares como Portugal, Grécia, Itália e Escandinávia, sendo que existe também uma forte população radicada de Judeus de língua inglesa.
Durante longos anos de colonização em território sul africano, e obviamente muitas revoltas e conflitos étnicos, o evento mais significativo e vergonhoso da história desse país e do mundo, foi o apartheid (“separação” em Afrikaans.). A segregação étnico-racial instituída por lei,tinha por finalidade dissolver de uma vez por todas as relações entre brancos e negros, sendo que os brancos detinham o poder e era vetado aos negros o direito de cidadania. Absolutamente tudo era segregado, ambulâncias, escolas, meios de transportes públicos, locais específicos como praias, bibliotecas, cinemas, restaurantes e etc. Haviam as “zonas brancas” e “zonas negras”, sendo que os negros jamais poderiam invadir uma área branca sob pena de prisão e até de morte, como no caso de sexo inter-racial, que era completamente proibido.
O abuso de poder por parte dos brancos era evidente, e tido como normal por essa população que representava uma minoria (cerca de 30% era branca.), mas que descarada e perversamente, cometia crimes em nome de uma pureza e separação de raças. Quem não era branco, não poderia associar-se à sindicatos, tinha seu importo acrescido por sua cor de pele, era severamente punido por promover greves ou qualquer movimentação política. Investimentos com educação, saúde e segurança, representavam um terço em comparação do que era investido nas zonas brancas.
Nelson Mandela, representante do ANC (African National Congress) foi e é até os dias atuais o maior expoente do movimento conta o regime do apartheid. Preso em 1964 e condenado à prisão perpétua, foi liberto em 1994 e eleito presidente. Até hoje, Nelson Mandela segue sendo um ícone de paz, sabedoria e reconciliação, não só por políticas públicas implantadas em seu governo, mas também por nunca desejar atos de retaliação contra a elite branca por longos anos de violência, mas por entender a totalidade e a importância da união de seu país e a desarticulação dos núcleos e formas de poder.
“Construir uma nação, ou promover a unidade nacional, um dos objetivos históricos da África do Sul pós-apartheid – uma nova comunidade histórica que nos propusemos a construir - , traz consigo um vasto arco de questões, tais como liderança de classe, conteúdo de classe do movimento nacional (nacionalista), natureza e possibilidade de coesão social, entendimento do que seja uma política multicultural, comunicação intercultural, entre outras coisas. Na África do Sul pós-apartheid todas essas questões estão colocadas... No início do século XXI, é também um lugar-comum o fato de raça não ser uma categoria biológica válida. No entanto, é também comumente reconhecido que a raça é uma realidade social. A África do Sul segregacionista do apartheid era, como é bem sabido, o exemplo proverbial, entre as nações de uma sociedade racista no século XX. Era essa, e assim permanece, a razão do sentimento de esperança que se produziu em todo o mundo pela dissolução do regime do apartheid. Há ainda muitas pessoas que esperam que a nova ordem pós-apartheid mostre ao mundo que é possível encontrar o caminha para a realização do sonho de uma sociedade sem raças, talvez mesmo sem classes.”
(Alexander, Neville. 2006)


Texto: Daniel Paiva
Imagens:?

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